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Especialistas explicam que modelos mais flexíveis e menos burocráticos se fortalecerão com novos hábitos impostos pela Covid-19

A pandemia definitivamente contribuiu para acelerar mudanças de hábitos de consumo e de comportamento do mundo inteiro e não será diferente no mercado imobiliário. As empresas precisarão reinventar produtos e serviços para atender um novo consumidor que nasceu junto com a pandemia.

Por isso, o Projeto “Moradia no Mundo Pós Pandemia”, elencou três tendências de habitação impulsionadas pela Covid-19, que talvez acontecessem daqui a cinco ou 10 anos, mas já vem se tornando realidade. Vale destacar o movimento dos “sem casa”, pessoas que já não cultivam o sonho morada própria e preferem ter diversos tetos flutuantes, pagando uma assinatura mensal, como um Netflix.

Prova disso é que de acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Sociais Políticas e Econômicas (IPESPE) em agosto deste ano, 80% dos jovens, entre 16 e 24 anos, já admitem não se importarem com a compra de um imóvel. Mais de 50% das pessoas acima de 60 anos também dizem querer ter mais liberdade para morar.

Segundo Gesner de Oliveira, economista e professor da FGV, o avanço das novas tecnologias e sua aplicação na prestação de serviços – como aplicativos de viagens individuais, vídeos por streaming, entre outros -, indicam uma tendência da substituição do “ter” para o “usar”.

“Tais desenvolvimentos levaram a novas concepções de moradia como o coliving e a multifamily properties, estendendo ao mercado imobiliário o conceito de ‘usar’ em vez de ‘ter’. Tornou-se possível pensar em um ‘Netflix da moradia’”, avalia o especialista.

Confira abaixo as principais tendências:

  1. Moradia como serviço

Assim como os aplicativos de carros deram uma maior autonomia de escolha para as pessoas se locomoverem pela cidade, pagando um preço acessível, a moradia como serviço é uma tendência que já existe, mas que certamente será impulsionada devido à crise imposta pela pandemia.

A “Economia do Compartilhamento” aplicada à moradia é uma realidade crescente entre os jovens, que já compartilham de tudo. “Diferente de gerações anteriores, lares não são mais os mesmos investimentos sentimentais que costumavam ser”, afirma Shawn Amsler, professor e especialista em mercado imobiliário da Faculdade de Columbia.

Atualmente, a Housi, startup de moradia por assinatura, já adota este modelo no Brasil. Com o propósito de ser a ‘Netflix imobiliária’, a empresa aposta diretamente na moradia on demand e por isso oferece uma plataforma digital para locação 100% digital, com imóveis mobiliados e com diversos serviços e facilidades agregados, dentre eles, limpeza semanal e pay-per-view.

  1. Multifamily Properties

O mercado imobiliário brasileiro está recebendo também uma forma de investimento bastante comum nos EUA: os multifamily properties .

Ao invés do que acontece hoje, onde cada apartamento tem um pequeno investidor como dono (o locador), cria-se um complexo de apartamentos ou casas, cujas unidades pertencem todas a uma espécie de holding.

Com um único dono, a gestão das unidades é centralizada. Ou seja, todos os moradores do complexo são inquilinos. A operação de locação é tocada como um negócio profissional, com um modelo de operação que visa reduzir custos e simplificar as decisões de investimento na propriedade.

Isso já acontece em shoppings centers, onde o “dono” decide as regras do empreendimento, sem necessitar de qualquer reunião condominial. A diferença é que enquanto os shoppings são focados em comércio, o multifamily property é destinado a residências.

A pesquisa do Ipespe destaca algumas oportunidades semelhantes no Brasil, em que os investidores podem estar de olho. Quando se perguntou sobre o desejo por prédios adequados com a fase da vida, a opção para famílias pequenas e casais surge em 41% das citações, seguidos por perfis misturados (40%) e imóveis específicos para aposentados e idosos (24%).

“Modelos de investimento como o multifamily properties são rentáveis e significam um menor custo de transação em comparação ao aluguel tradicional”, explica o professor da FGV, Gesner de Oliveira.

  1. Coliving

A falta de espaços físicos nas grandes cidades já é uma realidade. Como alternativa, surge uma tendência que pretende derrubar, além de paredes, os ideais de individualização e desperdício. Trata-se do coliving, um movimento que estimula a integração, a sustentabilidade e a colaboração entre os indivíduos.

Apesar de ser bastante comum na Europa e América, os colivings desembarcaram no Brasil há menos de cinco anos e ainda não despontaram. Por conta da pandemia, estima-se que existirá uma aceleração neste tipo de empreendimento.

incapacidade de formular soluções para prover serviços eficientes de moradia e não necessariamente unidades adicionais”, conclui Oliveira.

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