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Adesão ao comércio eletrônico, cuja participação no varejo brasileiro cresceu 100% em um ano, deve ser pensada com cuidado. Soluções não são excludentes

Não teve jeito: para muitos empreendedores, partir para as vendas online foi necessário para atenuar o prejuízo ante as restrições à circulação de pessoas e ao funcionamento do comércio físico. Muito em função dos efeitos da pandemia, mais de 150 mil novas lojas virtuais foram abertas no país somente no segundo e terceiro trimestres de 2020, segundo dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). E a transformação digital segue a pleno vapor, inspirando mais e mais inaugurações de e-shops.

Os últimos meses, com aumentos de 80% nos pedidos e 75% no faturamento das lojas virtuais do país, proporcionaram ao varejo uma grande Black Friday, embalada por mais de 11 milhões de brasileiros realizando compras online pela primeira vez. Dificilmente o desempenho se repetirá, mas os analistas não têm dúvidas: o comércio eletrônico seguirá crescendo nos próximos anos, mantendo a importância de os pequenos negócios aderirem à onda. Mas em qual solução investir: e-commerce ou marketplace?

De maneira resumida, o e-commerce é um voo solo, ou seja, uma loja virtual independente. Já o marketplace é como um shopping virtual, reunindo diversos vendedores (sellers), sejam de produtos complementares ou não. Cada vertente tem seus prós e contras, que impactam mais ou menos um negócio de acordo com o seu perfil e características do mercado em que está inserido.

Marketing digital é um aspecto crítico

Para um pequeno negócio, o investimento em um e-commerce tende a ser mais arriscado. “A loja própria exige alto envolvimento em desenvolvimento e gestão”, observa Satye Inatomi, sócia da Jahe Marketing, companhia especializada em aceleração de negócios por meio de estratégias e execução de marketing sob medida. “O empreendedor fica responsável por vários processos, como plataforma, regras do negócio, programação, design, meios de pagamento, segurança eletrônica, cadastro de produtos e o onboarding de funcionários, fornecedores e clientes”, complementa Thais Faccin, também sócia da empresa.

A contratação de uma das diversas plataformas prontas de e-commerce alivia muitos dos desafios, podendo inclusive ser vantajosa em custos, mas dificilmente resolve um aspecto crítico para uma loja nova: o marketing digital. “Já existem quase 240 mil lojas virtuais operando no Brasil, e a maioria das compras se origina de pesquisas na internet. Obter um bom posicionamento nos buscadores depende de estratégias de longo prazo de SEO, SEM, inbound marketing e outras ferramentas. Ou seja, o pequeno lojista não terá bons resultados orgânicos rapidamente”, lembra Faccin.

Nesse sentido, a adesão a marketplaces conhecidos, sejam os de grandes magazines ou os de bandeiras dedicadas ao comércio eletrônico, tendem a gerar retorno mais célere ao pequeno negócio. O comerciante se desobriga de diversas tarefas, em muitos casos tendo apenas de gerir estoques. O renome e a grande audiência desses canais são quesitos poderosos. “É sempre válido o vendedor se colocar no lugar do consumidor. Se ele fosse comprar algo na internet, como agiria? Tenderia a procurar o que deseja em diversas lojas ou iria direto a um marketplace?”, indaga Inatomi. “O fato é que os marketplaces são vistos como canais convenientes, que ajudam a poupar tempo, e transmitem mais segurança para o consumidor”.

A escolha, no entanto, não se apega a tábuas de lei. Para o vendedor de produtos muito específicos, procurados por públicos restritos, o e-commerce pode representar uma solução vantajosa. Sobretudo porque a loja própria garante ao empreendedor conhecer melhor a clientela, podendo atendê-la de forma personalizada. Nos marketplaces, muitas vezes, os vendedores têm acesso restrito aos dados dos consumidores – sem falar nas taxas por venda, tarifas de administração e conformidade mandatória a outras políticas do ambiente de vendas. “Se a minha especialidade for peças para automóveis antigos, por exemplo, faz sentido eu ter uma loja própria”, comenta Faccin.

Estratégias não são excludentes

Faz mais sentido ainda, quando possível, que o empreendedor utilize simultaneamente ambas as vertentes, como estratégias complementares. “Por meio de uma estratégia de call to action (CTA), o marketplace pode estimular visitas à loja virtual, onde os clientes poderão encontrar mais informações sobre produtos e ter atendimento qualificado. No sentido inverso, o direcionamento do cliente a um ambiente de marketplace pode conferir a segurança desejada pelo consumidor para sacramentar a compra”, exemplifica Inatomi.

Conhecer as diversas facetas do comércio eletrônico é importante para os pequenos empreendedores que ainda vendem exclusivamente em estabelecimentos físicos. Graças ao boom de 2020, a participação do comércio eletrônico no faturamento total do varejo brasileiro passou de 5% para 10%. “Não tenho dúvida de que esse índice irá crescer nos próximos anos. Os consumidores estão cada vez mais habituados e satisfeitos com a experiência de comprar online”, conclui a especialista.

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