Globo revive no Rio2C cinco décadas de dois marcos da história de seu jornalismo
Na tarde desta sexta-feira, 14 de abril, a Globo promoveu no palco principal do Rio2C um encontro para registrar a longevidade e a relevância de dois marcos da história do seu jornalismo. Em 2023, ‘Globo Repórter’ e ‘Fantástico’ completam 50 anos, levando ao público informação de qualidade e entretenimento. Com a participação de Sandra Annenberg, Maju Coutinho, Poliana Abritta, Monica Maria Barbosa, diretora do ‘Globo Repórter’, e Bruno Bernardes, diretor do ‘Fantástico’, o encontro, mediado por Mariana Gross, abordou histórias e bastidores dos programas onde cabem todas as emoções e todas as histórias que merecem ser contadas.
O ano era 1973. Nasciam dois programas de TV que entraram na rotina da família brasileira. As perguntas feitas em algumas chamadas – “Quem são?” “Como vivem?” “Do que se alimentam?” – remetem imediatamente ao ‘Globo Repórter’, programa que impacta a vida do público ao se debruçar semanalmente em temas como saúde, tecnologia, sociedade, meio ambiente e viagens. No ‘Fantástico’, as primeiras notas musicais da abertura ditam o ritmo do fim do domingo, quando entra no ar a revista eletrônica que mune e emociona o brasileiro com informações sobre o que aconteceu de mais relevante durante a semana, intercalado com reportagens investigativas, entretenimento e esporte.
“Sintonia é uma palavra que define bem. Primeiro, que é um substantivo feminino, como criatividade, que nos une todos hoje aqui, nesse encontro, o maior da América Latina de criatividade. Eu queria ler a definição que acho muito interessante: estado das pessoas que se encontram em harmonia com o meio e também simpatia, correspondência com o meio ou simpatia que aproxima uma ou mais pessoas. Essa é a nossa missão. Eu queria contar para vocês como a gente coloca esse documentário semanal no ar. A gente escolhe um tema, se conecta com o que estão falando, com as rodas de conversa. Depois, entra numa grande pesquisa e vai descobrir o que pode trazer de novo. Em seguida, nossos produtores vão atrás dos personagens, fundamentais, porque a gente fala de gente”, explicou Sandra Annenberg.
No ‘Fantástico’, o compromisso de levar informação e entretenimento para as noites de domingo segue sendo cumprido à risca. E a equipe entregou um pouco da fórmula que faz dele um programa à frente do seu tempo há 50 anos. “Tem receita sim. A resposta está ali, na redação do ‘Fantástico’, na letra da música da abertura do programa, tão famosa, composta pelo Boni e pelo Guto Graça Melo. Se alguém tiver dúvida, ela está eternizada na parede da nossa sala de reunião, com várias palavrinhas que resumem bem o ‘Fantástico’, como mágicos, por exemplo, que representa o lúdico, o entretenimento, os musicais. E tem as guerras também, né, Maju?”, contou Poliana, ao lado de Maju Coutinho, que completou: “A guerras fora, as guerras internas. O ‘Fantástico’ é esse pedacinho da vida da gente, representada neste domingo, com esse mosaico que traz de um tudo. Um dos nossos colegas diz que o ‘Fantástico’ é a Disneylândia do jornalismo. Você passa do musical para pautas densas em alguns momentos”, complementa.
Mais do que uma linha do tempo sobre a relevância dos dois programas para a história da televisão brasileira, voltar os olhos para eles nos ajuda a refletir sobre a evolução da sociedade brasileira e do mundo ao longo desses 50 anos. A diretora Mônica Maria Barbosa lembrou ainda que a pesquisa feita pela equipe do ‘Globo Repórter’ para a produção da série comemorativa dos 50 anos só confirmou que o programa sempre esteve atento e na vanguarda de pautas com temáticas femininas, de direitos humanos, entre outras: “Encontramos programas da década de 70 sobre capacitismo, direitos do consumidor, meio ambiente. Outro que questionava a exaltação da beleza da mulher de forma que tornava ela um objeto para os homens. E há muito tempo, o programa fala de alimentação balanceada, medicina preventiva. A gente está sempre olhando lá na frente”.
Essa premissa também norteia a produção jornalística do ‘Fantástico’. “Tem questões inegociáveis. Somos uma voz contra o racismo, contra a LGBTQIA+fobia. Eu gosto até de citar nosso editor Renato Nogueira, que diz ‘quando se arrisca em pautas necessárias, em formatos não-óbvios, o ‘Fantástico’ expande o universo compreensível pelo grande público, e quando compra briga, o ‘Fantástico’ melhora o Brasil. Posso citar aqui alguns exemplos, como os 10 anos da Lei de Cotas, que era muito criticada, e mostramos os efeitos dela anos depois no Brasil. Além das matérias feitas por mulheres no quadro “Isso tem nome”, que dá nome às agressões que nós mulheres sofremos”, elencou Maju, lembrando ainda o quadro ‘Mulheres Fantásticas’, apresentado por Poliana Abritta.
“Mulheres Fantásticas” dá luz para mulheres do passado traçando um paralelo com heroínas do presente, do dia a dia, que têm algum link com a personagem retratada na animação. E assim, espontaneamente, os episódios de ‘Mulheres Fantásticas’ têm sido usado em escolas, o que pra nós é muito gratificante. O programa é como um vestido de noiva: levamos semanas, às vezes, meses para fazer algumas reportagens. Mas se um assunto factual se impõe, a veia jornalística do ‘Fantástico’ prevalece”, exemplificou Poliana lembrando fatos recentes da história do Brasil, como o do dia 8 de janeiro, quando aconteceram ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília, e o programa que já estava pronto caiu, dando lugar a um novo, feito ao vivo, em cima dos fatos daquele dia.
Enquanto a celebração do ‘Fantástico’ acontecerá em agosto, a série comemorativa dos 50 anos do ‘Globo Repórter’ já está no ar, com a exibição de cinco programas temáticos sobre tecnologia e sociedade já exibidos, saúde, que vai ao ar nesta sexta-feira, 14 de abril, meio ambiente, previsto para o dia 21 de abril, e viagens, no dia 28. “Fizemos uma espécie de linha do tempo para cada um dos cinco temas. E além de recuperar momentos importantes dessas cinco décadas, fomos atrás de personagens, de telespectadores que, de alguma forma, ao assistir ao programa, tiveram um insight para a vida deles, que mudaram a alimentação, pessoas que escolheram a profissão que elas exercem por conta do ‘Globo Repórter’, por conta de uma matéria que eles viram no programa. O programa de hoje é sobre saúde, sobre tudo o que apresentamos, mas sempre jogando para frente”, explicou a diretora Mônica Maria Barbosa.
No segundo semestre, a efeméride será celebrada pelo ‘Fantástico’ em grande estilo. Vão ao ar séries como ‘Música Preta Brasileira’, que mostra como a riqueza da ancestralidade africana influencia a nossa música, com apresentação de Maju e Coutinho e Rael; estreia a versão para TV de ‘Prazer, Renata’, que sai dos players de podcast para a tela, com apresentação de Renata Ceribelli; Poliana Abritta vai ouvir pessoas que mudaram radicalmente de opinião e que refletem sobre decisões equivocadas que tomaram na vida no quadro ‘Onde foi que eu errei’. A trajetória do Show da Vida também será revista em cinco documentários, que vão mostrar como ‘Fantástico’ refletiu as transformações do Brasil e do mundo nos últimos 50 anos. “Estamos fazendo um mergulho incrível na nossa história para preparar esses cinco documentários, que vão percorrer a cada domingo uma década do ‘Fantástico’. Tem sido fascinante, incrível redescobrir os tesouros do baú do programa”, resumiu Bruno Bernardes, diretor do programa.