Rebranding traduz a trajetória da organização, que há quase dez anos dá visibilidade às pessoas em situação de rua na capital paulista
Há quase dez anos transformando as histórias das pessoas em situação de rua, a SP Invisível lança sua nova identidade visual, em sincronia com o inverno, momento bastante sensível para a população em vulnerabilidade.
“A nova cara da SP Invisível tem relação com uma nova fase que estamos trilhando, mais focada em transformação social e diálogo com soluções sistêmicas. Optamos por lançar neste inverno, pois acreditamos que o maior frio é o da indiferença, daquele que opta por não contribuir ou por não enxergar o que está tão perto., conta André Soller, fundador da SP Invisível.
Para ilustrar o novo momento da marca, a identidade vem carregada de propósito, reforçando o protagonismo das pessoas em situação de rua. O rebranding é assinado pela agência Future Brand.
“Quando pensamos em branding, é mais natural a associação às empresas privadas, pois a estratégia de marca busca gerar direcionais para o negócio e, por consequência, mais lucro. Porém, o branding carrega a mesma – ou até maior – importância no terceiro setor que, muitas vezes não entregam produtos ou serviços tangíveis. Nesse sentido, um posicionamento de marca inspirador e coerente se torna particularmente importante, buscando estabelecer relações de confiança, proximidade e idoneidade com públicos muito diferentes e de maneira simultânea: B2C, B2B e B2G”, explica Felipe Luz, sócio e diretor da FutureBrand São Paulo.
A nova campanha de inverno tem a intenção de impactar várias pessoas na capital paulista, com moletons exclusivos da marca SP Invisível. Pelo site, é possível adquirir um moletom e reverter o valor para a organização ou viabilizar financeiramente a doação de uma peça para pessoas em situação de rua. A entrega é feita em expedições com voluntários da organização, que também entregam alimentação e kits de higiene.
Nova cara
Para ilustrar o novo momento, A SP Invisível ganha novo logo, tipografia e manifesto. Marina Rufino, líder de equipe e estrategista da FutureBrand São Paulo, explica que a identidade respeita o legado contador de histórias que a SP Invisível construiu ao longo dos anos.
“O resultado é a capacidade extensiva de expressar questionamento e comprometimento na busca pela mudança, mantendo o caráter humano, empático e sensível nas suas mensagens”, explica.
O logo traduz o conceito da organização. O começo do nome é desfocado, enquanto a palavra “visível” fica mais nítida conforme se aproxima. Para a SP Invisível, essa é a dinâmica da sociedade em relação às pessoas em situação de rua: só é possível romper a invisibilidade por meio da proximidade.
“O logo é baseado em retículas: pequenos pontos que vemos em materiais impressos que são muito comuns em cartazes de rua. A SP Invisível é uma marca que enxerga as pessoas, e essas retículas só podem ser vistas quando vistas de perto. Elas têm a função construir a percepção de desfoque no início da palavra e tornar o termo “visível” literalmente mais visível, além de garantir um visual urbano ao logo. Outro elemento que dá vida ao propósito da marca foi a tipografia do universo visual que foi feita a partir da caligrafia das pessoas em situação de rua. A forma de escrever de cada pessoa revela sua história e personalidade”, conta Amanda Oliveira, líder de equipe e designer da FutureBrand São Paulo.
No processo de desenvolver a tipografia, a agência apostou em uma estética “de rua” que gera pertencimento e reconhecimento de marca. Para isso, contou com a parceria do tipógrafo Fabio Haag visitando centros de acolhida em São Paulo com tinta e papelão para coletar a caligrafia dessas pessoas. O novo manifesto também traz literalmente a voz das pessoas. A inspiração vem do Blackout poetry, uma forma de poesia que consiste em destacar palavras de textos de materiais já existentes. Com isso, houve o resgate de depoimentos de diferentes pessoas em situação de rua que já passaram pelos projetos da SP Invisível e a partir dessas histórias, foi composto um texto único, com o intuito de iluminar esses relatos e dar voz e visibilidade.
Fundada em 2014, a SP Invisível oferece experiências de cuidado individualizado para pessoas em situação de rua, além de criar ações inovadoras que geram awareness para a causa. Entre as iniciativas, neste ano, convidou jovens que viviam em centros de acolhimento para o show do Coldplay em São Paulo, e realizou uma intervenção urbana com o artista Felipe Morozini, no Minhocão, trazendo as histórias das pessoas que vivem debaixo do elevado.