Por Thiago Moro – Gerente de Growth e Estratégia do Hotmilk, ecossistema de inovação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)
Que tal acompanhar ao vivo o lançamento da 17ª edição do Relatório de Tendências Tecnológicas do Future Today Institute? Pois é, nosso time teve essa super oportunidade, ouvindo de pertinho a CEO do FTT, Amy Webb, estrategista do futuro e que conta com 20 anos de bagagem no SXSW.
Em sua fala, Amy traçou um panorama das três principais tecnologias que sofreram um grande salto de 2023 para este ano: IA, os ecossistemas de dispositivos (gadgets) conectados e a biotecnologia. Somados, estes três itens formam o superciclo tecnológico.
Neste cenário, quais seriam os principais dilemas e consequências, que muitas vezes levam os líderes ao chamado FAD: fear (medo), anxiety (ansiedade) e doubt (dúvida)? E que inevitavelmente vão nortear a geração batizada de T (transição), um apanhado de todos seres vivos que engloba as gerações Alpha, Z, X, Millenials e Baby Boomers. Ou seja, os erros e acertos destas escolhas serão sentidos por todos.
Sobre o primeiro tópico – IA –, Amy reforçou a responsabilidade com relação ao uso desta tecnologia, em especial quando se pensam em processos de machine e deep learning, que permitem entender o comportamento humano e até mesmo se antecipar, direcionando o consumidor na sua tomada de decisões.
Ela citou ainda a imensa responsabilidade quanto ao uso de IA e sua proximidade tóxica com as fake news, ou seja, o quão desastrosa a má utilização da tecnologia pode ser para a humanidade.
Se o IA é um motor, o ecossistema de dispositivos (segundo tópico da palestra) seria o combustível. Por isso, a importância de coleta de dados corretos e fidedignos, de forma a embasar ações com ética a responsabilidade.
Neste contexto, a estrategista citou óculos como o Apple Vision Pro como a bola da vez. Vale aqui um alerta: lembremos que este tipo de gadget foi criado para extrair e compilar dados de onde até então não era possível. Ou seja, em breve os computadores entenderão nossos anseios antes de nós mesmos, permitindo, inclusive, passar a uma nova etapa na era do consumo e aumentar a desigualdade social e econômica.
Por fim, ela reforçou a importância da cooperação entre as áreas de saúde e tecnologia, de forma a potencializar a coleta e análise de dados, afim de evitar o platô que se vislumbra no horizonte quanto a esta área.
A CEO da Block Party, Tracy Chou, ficou mundialmente conhecida por desenvolver em 2021 um app homônimo, que, instalado no celular, permitia bloquear nas redes sociais (entre elas o antigo Twitter, hoje X) mensagens indesejadas, entrando neste bolo desde spam até mesmo a assédio.
Sua história foi compartilhada com o público presente na sessão “Privacy in Progress” onde, acompanhada da sua Head of Product Design, Deonne Castaneda, lembrou do movimento que levou à formatação do app, hoje batizado de Privacy Party.
Influente nas redes sociais, em 2019 Tracy começou a ser seguida digitalmente e presencialmente por um stalker. Sentindo-se ameaçada, começou a estudar formas de desenvolver um app que funcionasse como um middleware, ou seja, um software entre as plataformas de redes sociais e seus usuários.
Entre as soluções que o app se propõe a fazer, estão a filtragem de dados que serão liberados para empresas de tecnologia, assim como mastigar e entregar resumos de termos de aceite muito longos, para que o usuário tenha a real noção do que está aceitando antes de fazer o download de determinada plataforma ou aplicativo.
O trabalho da Block Party está em total consonância com os anseios da população (no que concerne à proteção de dados e políticas de segurança), principal vítima de situações como o vazamento de dados de 87 milhões de pessoas coletados pelo Facebook, pela consultoria política Cambridge Analytica.
Tracy lembrou que muitos países do mundo já possuem legislações específicas em funcionamento (caso da Lei Geral de Proteção de Dados/LGPD brasileira), porém existem muitos que ainda são considerados “paraísos” para empresas que querem testar o uso indevido de dados.
“Embora possa parecer que este é apenas o preço que pagamos para estar online, como humanos merecemos o melhor e como tecnólogos temos o poder de fazer melhor”, resumiu Tracy.
A última sessão do dia foi repleta de bom humor. No palco, o comediante Nick Kroll entrevistou o apresentador Connan O’Brien, que está retornando à televisão após uma temporada de onze anos na TBS.
Ele, que é um dos mais premiados e assistidos apresentadores noturnos da tevê americana, fez um pré-lançamento de sua nova série, batizada de Conan O’Brien Must Go. Os episódios inéditos mostraram passagens e entrevistas feitas com cidadãos da Argentina, Tailândia, Noruega e Irlanda.
O’Brien lembrou o quanto sair da sua zona de conforto e estar em um local onde não é conhecido fez com que ele extraísse o melhor de si. Como resultado, conversas pra lá de divertidas e inusitadas. O lançamento faz parte da programação do SXSW de apresentar as novidades também no segmento da cultura.