Com quase 803 mil cruzeiristas embarcados, o período apresentou crescimento expressivo em número de viajantes e geração de empregos, trazendo impactos positivos para toda cadeia do turismo
Cada 1 real investido no setor de cruzeiros movimentou R$ 4,05 na economia nacional. É o que mostra o Estudo de Perfil e Impactos Econômicos de Cruzeiros Marítimos no Brasil – Temporada 2022/2023, produzido em parceria entre a CLIA Brasil e a Fundação Getúlio Vargas (FGV), e lançado nesta quarta-feira, 30 de agosto, durante o 5º Fórum CLIA Brasil 2023, em Brasília. A pesquisa traz dados inéditos do setor no Brasil e no mundo, além de traçar a interferência do cenário da economia nacional e internacional no comportamento do turista.
Consolidada como a maior dos últimos 10 anos, a Temporada 2022/2023 mostra a força do setor de cruzeiros, apresentando recordes em diversas esferas, desde o número de cruzeiristas (desde 2011/2012), passando pelos avanços na eficiência dos navios, pelos múltiplos roteiros que possibilitaram que mais pessoas embarcassem e conhecessem mais destinos, e chegando à ampliação do impacto econômico e elevação do número de empregos gerados.
Nove navios percorreram 17 destinos dentro do Brasil. Nesta temporada, houve expressivo aumento do número de viajantes quando comparada à anterior (2021/2022), totalizando 802.758 cruzeiristas, resultado muito superior, inclusive, a 2019/2020, antes da pandemia.
A Temporada 2022/2023 de Cruzeiros Marítimos (de outubro de 2022 a abril de 2023) também registrou aumento significativo na movimentação econômica, injetando R$ 5,1 bilhões na economia brasileira. Esse número engloba tanto os gastos diretos, indiretos e induzidos das companhias marítimas, quanto os gastos de cruzeiristas e tripulantes. Além disso, o setor gerou R$ 546,2 milhões em tributos, nas esferas federal, estadual e municipal (esse índice ficou em 213 milhões na temporada anterior).
Vale ressaltar que o impacto econômico de R$ 5,1 bilhões engloba o que é gerado pelas armadoras, de aproximadamente R$ 3 bilhões. Aqui, os gastos com combustíveis são os mais significativos entre as despesas realizadas. Já o impacto gerado pelos gastos dos cruzeiristas e tripulantes nas cidades e portos de embarque/desembarque e trânsito foi de R$ 2,1 bilhões, seis vezes maior que o gerado na temporada anterior. Além do maior número de navios, o aumento da eficiência (quantidade média de cruzeiristas por navio) também foi significativamente superior.
Os setores mais beneficiados com os gastos dos cruzeiristas e tripulantes (sem contar as armadoras) foram: alimentos e bebidas (R$ 631,4 milhões), comércio varejista – despesa com compras e presentes – (R$ 618,4 milhões), seguido por transporte durante a viagem (R$ 508,9 milhões), transporte antes e/ou após a viagem (R$ 325,3 milhões), passeios turísticos (R$ 260 milhões), e hospedagem antes ou após a viagem de cruzeiro (R$ 93,8 milhões).
O levantamento ainda mostra que o gasto médio por pessoa com a compra da viagem de cruzeiro foi de R$ 5.073,51 e o tempo médio da viagem foi de 4,9 dias. Além disso, o estudo indica que a média de impacto econômico gerada por cada cruzeirista nas cidades de escala foi de R$ 639,37 e de R$ 813,56, nas cidades de embarque e desembarque.
“Mais leitos ofertados, mais cruzeiristas, mais roteiros e maior eficiência dos navios levaram a indústria de cruzeiros no Brasil a alcançar números recordes nesta temporada e mostrar sua força e alta capacidade de retomada”, disse Marco Ferraz, presidente da CLIA Brasil.
Entretanto, a temporada passada e a próxima são as de maiores custos operacionais de todos os tempos. “O Brasil teve uma rápida recuperação no pós-pandemia, mas uma retomada mais forte de outros países mais competitivos traz um grande risco de perdermos navios futuramente. Por isso, precisamos buscar melhorias em temas como infraestrutura, segurança pública, regulação e desenvolvimento de novos destinos, além de estarmos preparados para receber os novos navios, que são maiores, mais tecnológicos e sustentáveis”, explica Ferraz.
Empregos
Durante a temporada 2022/2023 foram gerados 79.567 postos de trabalho na economia brasileira, o que representa um resultado 3,5 vezes superior ao apurado na temporada anterior. Do total de empregos criados pelo segmento, 1.652 foram de tripulantes dos navios (35,1% superior ao gerado na temporada anterior) e outros 77.915 empregos diversos, de forma direta, indireta e induzida (resultado quase quatro vezes maior que o observado em 2021/2022), motivados pelos gastos das armadoras e dos cruzeiristas e tripulantes nas cidades portuárias de embarque/desembarque e visitadas, além dos gerados na cadeia produtiva de apoio ao setor, como agências de viagens e operadoras de turismo.
Perfil do viajante
Quase 92% dos pesquisados desejam realizar uma nova viagem de cruzeiro, e 87% querem retornar ao destino de escala, índice que reforça o papel da viagem de cruzeiro como uma vitrine para os viajantes conhecerem diversos destinos de maneira dinâmica e voltarem em um outro momento. Além disso, a ampla maioria dos entrevistados (78%) desceu em, pelo menos, uma parada do roteiro.
Quanto à frequência, 66,1% dos cruzeiristas realizavam sua primeira viagem de navio, enquanto os 33,9% restantes já haviam viajado de cruzeiro, em média, aproximadamente quatro vezes, o que demonstra que os cruzeiros estão sempre levando novos turistas aos destinos dos roteiros.
Quando perguntados sobre o destino de preferência no Brasil, 66,2% informaram o Litoral Nordeste, e entre os que apontaram interesse em realizar cruzeiros no exterior, 41,8% indicaram o Caribe e 36,8% a Europa como preferência de viagem.
60,8% são mulheres e 39,2%, homens. Em relação ao estado civil, 61,4% informaram ser casados ou estar em união estável. De maneira geral, os cruzeiristas viajam acompanhados (98,9%), sendo os principais acompanhantes filhos e parentes (51,9%), cônjuge (24,7%), e amigos (19,5%).
Brasileiros pelo Mundo
O número de turistas residentes no Brasil que realizaram viagens de cruzeiros no exterior durante o ano de 2022 foi de 75.300, gerando uma receita estimada de R$ 554 milhões (R$ 320 milhões a mais que em 2021).
Caribe e Mediterrâneo foram os principais destinos de preferência.
Setor de Cruzeiros no Mundo
No mundo, o setor mostra a tendência de crescimento contínuo através dos investimentos em novos navios, com aumento da quantidade e diversificação dos cruzeiros. A indústria recebeu 26 navios em 2022, e receberá 22, em 2023, com capacidade adicional de pouco mais de 104 mil leitos, além da previsão de mais navios e leitos para os próximos anos (2024-2026).
Segundo a Associação Internacional de Cruzeiros (CLIA) o total de cruzeiristas pelo mundo em 2022 foi de 20,4 milhões, com a expectativa de que esse número chegue a 31,5 milhões em 2023, o que evidencia a tendência de crescimento do setor.
Sustentabilidade
A preocupação com o meio ambiente é foco em diversos setores econômicos em todo o mundo, por isso a indústria de cruzeiros marítimos tem realizado investimentos e implementado diversos mecanismos para a redução de poluição e melhorias de eficiência na operação dos navios. As companhias marítimas associadas à CLIA, por exemplo, têm estabelecido metas ambiciosas, traçando o caminho para zerar a emissão de carbono até 2050.
“O presente é positivo e o futuro pode ser ainda mais promissor se conseguirmos melhorar a competitividade do setor no Brasil e América do Sul, sempre com responsabilidade e muito trabalho focado nas pessoas, no meio ambiente, no compliance e nas comunidades visitadas pelos navios. A CLIA trabalha continuamente para que a indústria de cruzeiros siga evoluindo e possa contribuir ainda mais para a economia e geração de empregos na nossa região”, completou Ferraz.