Parte do projeto ‘Quando Isso Tudo Passar’, pesquisa da Globo mostra um olhar mais cuidadoso dos brasileiros com a sociedade, a família, a educação e o futuro pós-pandemia
Da saúde à economia, a sociedade segue travando batalhas diárias para conter a pandemia do coronavírus e seus efeitos. Batalhas que, apesar de difíceis, revelam um olhar de otimismo para o futuro, e que também resvalam na fatídica pergunta: quando isso tudo passar, como estaremos?
As respostas para essa e outras questões podem ser encontradas no levantamento ‘Ideia de futuro: o Brasil pós-pandemia pode ser melhor?’, que a Globo lançou hoje (23) em evento destinado ao mercado publicitário. Com a abertura de Thiago Ricco, Head de Agências, e a apresentação do estudo por Fábia Juliasz, Diretora de Pesquisa e Conhecimento da Globo, o encontro faz parte do projeto ‘Quando Isso Tudo Passar’, que conta com ações integradas nos canais Globo, a exibição do ‘Conversas para o Amanhã’ e a exposição ‘Coronaceno: Reflexões em tempos de pandemia’, no Museu do Amanhã.
A pesquisa realizada em dezembro ouviu mais de dois mil brasileiros, com mais de 16 anos, de todas as classes sociais e regiões do país, buscando entender o impacto do longo período de restrições sobre os hábitos e atitudes da população brasileira de todas as regiões. O estudo ‘Ideia de futuro: o Brasil pós-pandemia pode ser melhor?’ também identificou e analisou possíveis aprendizados e reflexos positivos na sociedade e que podem se estender para a superação da crise, ou mesmo moldar novas formas de nos relacionarmos.
Logo de início, uma recapitulação importante sobre como chegamos até aqui: a pandemia sobreveio em um cenário já desafiador para a realidade do país, e os brasileiros enfrentaram, ao longo de 2020, uma mudança intensa de sentimentos, até a esperança e a confiança nos novos tempos com a chegada da vacina.
Nesse espectro mais positivo para 2021, a pesquisa revelou que 8 em cada 10 pessoas ouvidas tiraram desse período algum aprendizado ou aspecto positivo. Entre eles, os cuidados com a saúde (26%), a solidariedade social (23%) e a união familiar (17%). A questão da saúde apareceu acima de outros aspectos para pessoas do grupo de risco e de maior vulnerabilidade social (29%). Já no olhar regional, o Centro-oeste e Sudeste lideram esses aprendizados ligados à solidariedade social, respectivamente com 28% e 26%.
Ao mesmo tempo, o caráter coletivo desse período também aprofundou a percepção sobre alguns reflexos sociais. A quase totalidade dos respondentes (97%) acredita que a doença nos mostrou que somos todos iguais, assim como nos fez perceber que o Brasil é um país repleto de desigualdade e que é preciso fazer algo para transformar esse cenário.
Por fim, entre outras percepções decorrentes do período, estão os desafios do meio ambiente ficando mais visíveis e as pessoas mais conscientes (84%), a criação de novas formas de trabalhar que atendam melhor às pessoas (90%) e a força dos movimentos locais periféricos ganhando mais evidência (72%).
O lar e a família
O posicionamento dos respondentes apontou que cresce um olhar mais generoso sobre aqueles que nos cercam. Assim, a família e a possibilidade de dar um futuro melhor para os filhos seguem sendo algumas das principais fontes de inspiração e força para passar pela pandemia. Dado interessante quando comparado a outras três variáveis da pesquisa: 82% dos entrevistados estão pensando em outras fontes de renda, além da sua principal – número que chega a 84% nas classes D e E; 37% passaram a planejar melhor suas finanças; e 4 em cada 10 procuram ser mais compreensivos com as pessoas do próprio convívio.
Por faixa etária, o tema revela que o público entre 16 e 24 está ainda mais inspirado pela família e pela esperança de que isso tudo irá passar. Ao mesmo tempo, a região Sul é mais particular: se inspira mais nos amigos que na média nacional.
Esse olhar se reflete também dentro de casa, com o bem-estar e a relação com o lar sendo ressignificados nesse período. Além disso, os entrevistados passaram a dar mais importância para ficar mais tempo em casa e evitar saídas desnecessárias (92%), buscar um estilo de vida mais sustentável (90%) e ter um maior contato com a natureza e atividades ao ar livre (84%).
Novas atitudes na pandemia e o que vem por aí
Toda essa adaptação ao contexto trazido pela pandemia influenciou também mudanças de atitudes que passaram a fazer parte da vida dos brasileiros. Entre elas, ser mais flexível (46%), valorizar os trabalhadores que não puderam se isolar (37%), buscar equilíbrio entre trabalho, família e autocuidado (30%) e até mesmo utilizar serviços digitais que não usavam antes (26%) – tendência de consumo importante que vem crescendo nos últimos tempos.
Destaque ainda para a busca por ações solidárias como doar para campanhas de auxílio à população (23%), participar de ações sociais (15%) e ofertar ajuda profissional de forma gratuita. E nessa onda do compromisso social, liderada pelo público com mais de 60 anos, 79% dos entrevistados acreditam que as empresas passaram a se comprometer mais com as pessoas através de doações e suporte.
Outro aprendizado interessante diz respeito ao papel dos pais e da educação: 1 em cada 3 pais disse que passou a repensar sua responsabilidade na criação de filhos mais conscientes e preparados para o futuro. Já a educação segue sendo vista como essencial, como sonho da família e como passaporte para uma vida melhor. Nesse sentido, 95% das pessoas entendem que a qualidade da educação de um país reflete o seu comprometimento com o futuro e 88% que a formação superior segue sendo essencial. Ao mesmo tempo, 9 em cada 10 reiteraram que acompanhar aulas online não é uma realidade possível para todos os alunos.
Já as marcas também passaram a ser mais exigidas quanto à sua contribuição com a sociedade, principalmente porque as pessoas esperam que as empresas entendam seu impacto socioambiental e sustentem atitudes importantes no longo prazo. E mais: que possam ser parceiras na travessia dessa crise.
E o que fica disso tudo? Para a grande maioria, o saldo é positivo. Apesar do momento atual em que vivemos, 60% se dizem otimistas ou muito otimistas com 2021.
Tudo leva a crer que tempos melhores virão. O que nos lembra que, para chegar no ‘quando isso tudo passar’, não podemos nos esquecer da necessidade iminente de cuidar do hoje. Dos protocolos de segurança, das máscaras, do distanciamento social, ainda bastante necessário. De tudo aquilo que nos permita abraçar o amanhã. Afinal, o amanhã deve ser melhor – ao menos é o que prevê a pesquisa da Globo.