Avanços também chegaram ao faturamento das empresas, que alcançaram R$ 11,55 bilhões em vendas, 62,7% a mais que no ano anterior
2022 foi surpreendente, no melhor sentido da palavra. Foi um ano no qual o Turismo mostrou sua força e, apesar de inúmeros obstáculos, apresentou resultados bastante positivos, marcados pela retomada do turismo internacional e por alguns recordes. É o que mostra o Anuário Braztoa 2023, estudo realizado pela Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (BRAZTOA), em parceria com a SPRINT Dados, empresa de consultoria, com informações que traçam o contexto econômico nacional e internacional do segmento de viagens de lazer e do comportamento do turista.
Nesta edição, o Anuário Braztoa, que é 100% digital, ganhou espaço exclusivo no site da Associação, com uma versão mais interativa e navegação intuitiva, com a possibilidade de comparar dados de vários anos e fazer o download completo do conteúdo ou por temas. Além disso, a publicação, que foca em pontos relevantes do setor no passado, passa a contar com um conteúdo voltado para o que está por vir, com o Olhar Braztoa, que oferece insights a partir de aspectos da realidade das operadoras Braztoa, com foco no consumo de viagens do brasileiro – independente das tendências internacionais – que podem ajudar nas tomadas de decisões do mercado.
De acordo com a Organização Mundial do Turismo, foram contabilizados 917 milhões de viagens internacionais em 2022. Segundo a IATA, no último ano, houve a recuperação de 79,6% da movimentação doméstica de 2019, crescimento de 10,9% em comparação a 2021, e, também, o restabelecimento de 62,2% da movimentação internacional de 2019, 152,7% a mais que em 2021, ambos em nível global.
No Brasil, o ano apurado foi de importantes avanços. Em 2022, as operadoras BRAZTOA alcançaram R$ 11,55 bilhões de faturamento, um crescimento de 62,7% em relação a 2021. Esse número mostra que essas empresas estão chegando cada vez mais perto do período pré-pandemia, ficando 23,5% abaixo do que foi registrado em 2019.
O turismo internacional representou um faturamento de R$ 6,3 bilhões (55% do total), superando todos os valores já registrados pela BRAZTOA nos últimos 12 anos e contabilizando um aumento de 341% em relação a 2021 e 3,2% em comparação a 2019. Já as viagens nacionais apresentaram uma redução de 10,5% em comparação a 2021, atingindo a marca de R$ 5,2 bilhões de faturamento (45% do total).
“Este foi o ano da retomada do turismo internacional. Com a abertura das fronteiras, o custo benefício e a demanda reprimida dos últimos anos, observamos a inversão do cenário dos últimos tempos. Apesar de não termos como identificar a motivação exata, este comportamento pode ser, em parte, explicado pela alta dos preços das passagens aéreas em território nacional, ampliando a oportunidade de realizar viagens para o exterior”, comentou Roberto Haro Nedelciu, presidente da BRAZTOA.
Contudo, o destaque ficou por conta do volume de embarques. Em 2022, foram contabilizados 8,4 milhões de passageiros embarcados, 13,5% a mais que em 2021, e 29,2% acima do ano anterior. Para se ter uma dimensão, o volume de embarques realizados pelos associados BRAZTOA equivale aos hotéis de Paris com 100% de ocupação pelo período de 100 dias.
Ainda que no faturamento o internacional tenha superado o nacional, o volume de passageiros embarcados evidencia a relevância do mercado doméstico que, apesar de ter atingido um patamar abaixo de 2021, chegou a 5,4 milhões de embarques (65% do total). Já o internacional superou todos os números já registrados pela Braztoa, com 3 milhões de pessoas embarcadas (35% do total). Em 2021, foram 300 mil.
“Novamente, as operadoras associadas à BRAZTOA demonstraram criatividade, resiliência e inovação diante de cenários desafiadores. Se, por um lado, essas empresas tiveram que lidar com a inflação, o aumento dos juros, a alta do aéreo, as eleições e tantas outras coisas, por outro, tiveram a demanda reprimida por viagens sendo colocada em prática e a valorização do seu trabalho de especialistas que garantem uma viagem de excelência e com valor agregado a seu favor”, enfatizou Roberto Haro Nedelciu. Além disso, é importante salientar que os números alcançados poderiam ser ainda melhores, não fossem algumas dificuldades com as quais as operadoras tiveram que lidar, como por exemplo a variação cambial e a falta de mão de obra especializada, que assola todo o setor, impedindo que os atendimentos sejam feitos com celeridade e dentro das expectativas e necessidades dos clientes”, reforçou.
No Brasil, o Nordeste permanece na liderança, com 38,4% dos embarques, seguido pelo Sudeste (24%), Sul (17%), Centro Oeste (11%) e Norte (9,6%). Entre os destinos que compõem o pódio brasileiro, Salvador ficou na primeira colocação, seguido por Porto de Galinhas, Recife e São Paulo. Aqui, os produtos mais vendidos foram Resorts, seguidos de Praia, Lençóis Maranhenses e Parque Beto Carrero World. Mais de 2,1 milhões de diárias em meios de hospedagem brasileiros foram comercializadas no período.
No internacional, a Europa voltou a ter o melhor desempenho, responsável por 37,71% dos passageiros embarcados. América do Sul (15%), América do Norte (14,7%), América Central e Caribe (13,3%), Ásia (11,3%), África (6%) e Oceania (2%) aparecem em seguida. A atração internacional mais vendida foi a Walt Disney World, seguida dos cruzeiros marítimos. No ranking de destinos, os Estados Unidos aparecem em destaque, seguido de Portugal, Itália e Egito. Em 2022, foram comercializadas mais de 32,5 milhões de diárias para hospedagens internacionais
Perfil das viagens
Em 2022, os roteiros de média duração (5 a 9 dias) foram os mais escolhidos, alcançando 51,6% dos passageiros embarcados dentro do Brasil, seguidas das viagens mais curtas, de até 5 dias, com 34%. Já as viagens internacionais mais longas, com duração entre 10 e 25 dias, corresponderam a 41,7% dos embarques, seguidas das médias, entre cinco e 10 dias, que representaram 39,4%.
Sobre o tipo de produto vendido, as experiências completas, que envolvem a parte terrestre e aérea, representaram 32% do faturamento, seguidas de somente hospedagem, responsável por 24,4%, cruzeiros e serviços agregados, com 15,7% e serviços no destino (traslados, passeios, etc, 9%.
Vale ressaltar que, para a aquisição de viagens, a opção de pagamento parcelado em mais de cinco vezes atendeu a maior parte dos clientes (50,1%). O cartão de crédito se confirma como o principal meio de pagamento, sendo utilizado em 68,7% das vendas, seguido do Pix ou transferência bancária, com 19,1%, e boleto bancário, com 10,8%.
Perfil do Turista
Foi observada uma crescente onda de consumo e comunicações voltadas para os mais novos, geração Z (idade entre 15 e 25 anos), e os Millenials (idade entre 25 e 40 anos). Entretanto, entre as operadoras 42% dos passageiros domésticos embarcados são da geração X (idade entre 40 e 60 anos) e 26,8% baby boomers (+60 anos).
Para as viagens internacionais, ocorreu o mesmo padrão de atendimento ao público mais maduro entre as operadoras, com 41,4% dos embarques representados pela geração X (entre 40 e 60 anos) e 29,6% baby boomers (+60 anos). Os millennials, também chamados de geração X, com idade entre 25 e 40 anos, representaram 21,34% dos embarques e a geração Z (10 a 25 anos), 7,69%.
“Para além dos dados do setor, o Anuário Braztoa compila informações do cenário turístico mundial e nacional, um diagnóstico da inovação e maturidade digital nas operadoras, assim como uma autoavaliação sobre sustentabilidade. Um conteúdo riquíssimo que convidamos todos do setor de turismo não só a conhecê-lo, mas se apoderar dessas informações e aplicá-las nas estratégias do dia a dia dos seus negócios. Somente com decisões baseadas em dados, poderemos alcançar o máximo potencial do turismo”, frisa Rayane Ruas, CEO da SPRINT Dados.