Levantamento da Universidade Veiga de Almeida destaca que streaming, lives e compras online farão parte da rotina mesmo após o término do isolamento social
O Laboratório de Estudos Integrados em Criatividade e Economia Criativa (CRIA) da Universidade Veiga de Almeida (UVA) entrevistou, entre os dias 23 e 26 de junho, com 1.255 pessoas na faixa etária de 18 a 70 anos de todas as regiões do país. O objetivo era analisar o comportamento dos brasileiros durante o período de isolamento social e identificar as tendências de consumo digital.
O resultado da pesquisa revelou aumento em 66% do uso do serviço de streaming, entre os meses de março e junho de 2020, com destaque para o consumo de séries e filmes; 77,4% dos entrevistados fizeram download de aplicativos no período; 58,9% se inscreveram em cursos virtuais e 82% disseram que continuarão comprando pela internet quando a pandemia acabar.
O fenômeno das transmissões ao vivo teve adesão de 88,5% dos participantes da pesquisa, sendo shows, entrevistas e aulas os campeões de audiência. Segundo o levantamento, a tendência é que as lives façam parte da rotina das pessoas mesmo após a quarentena. A música digital foi consumida por 75,9% dos entrevistados no período, mas não houve registro significativo de alteração no tempo de permanência deles nos aplicativos. Outro destaque foi o aparelho celular ter sido mencionado como a principal ferramenta de conexão, se sobrepondo ao uso de computadores e tablets. Apenas 1,75% dos pesquisados disseram não utilizar celulares para realizar atividades on-line.
Para estudar o consumo digital dos brasileiros, o grupo de pesquisadores do Laboratório CRIA, coordenado pelo professor Leonardo Amato e que conta com a participação de alunos dos cursos de Publicidade e Jornalismo da UVA, levou em consideração o mapeamento bianual da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) que relaciona as profissões da indústria criativa. Com base nesse mapa, o CRIA direcionou as perguntas para avaliar os segmentos de audiovisual e de tecnologia (aplicativos).
“Contamos com a participação de todos os alunos numa grande corrente de divulgação para obter as respostas. Usamos, ainda, toda a nossa capilaridade de conexão com outras universidades e as redes sociais. Apesar de no primeiro momento focarmos os esforços na região Sudeste, que sofreu maior efeito da pandemia, tivemos a participação de todos os estados brasileiros. Isso foi importante para traçarmos um panorama efetivamente nacional”, explica Leonardo Amato professor e coordenador do Laboratório CRIA.
O estudante de Publicidade Rafael Lima, que pela primeira integrou a equipe de uma pesquisa desse porte, avalia que o fato de 88,2% dos entrevistados terem a intenção de continuar comprando on-line representa um grande desafio para as marcas na retenção dos consumidores. A também aluna de Publicidade e colaboradora do CRIA, Carolina Morais, enxerga a necessidade de as cadeias logísticas ampliarem suas estruturas de distribuição para atender às novas necessidades do mercado consumidor da indústria criativa.
Em suas considerações finais, a pesquisa da UVA destacou que a experiência, mesmo que virtual, continuará sendo o grande diferencial para conectar pessoas, marcas e produtos.
“A reinvenção do mercado de consumo pós-pandemia estará na criação de novas vivências, sejam elas no ambiente virtual ou físico. A indústria criativa deverá se ressignificar”, conclui Amato.