Tecnologia ainda é apontada como misto de benefícios e preocupações com consequências sociais, éticas e cibernéticas
Segundo pesquisa da EY, IA também afeta as iniciativas de sustentabilidade e investimentos futuros
Como os CEOs enxergam a inteligência artificial? Identificar essa e outras respostas é um dos objetivos da edição deste ano do CEO Outlook Pulse, pesquisa global feita pela EY, uma das maiores consultorias e auditorias do mundo. Foram ouvidos mais de 1.200 CEOs no mundo, sendo 50 no Brasil, de empresas com receita maior que US$1 bilhão no último ano fiscal.
“De modo geral, os CEOs mundo afora estão adotando a inteligência artificial como uma força para o bem, mas mantendo-se cautelosos com consequências desconhecidas e não intencionais”. conta Leandro Berbert, sócio de Estratégia e Transações da EY Brasil. “Eles também acreditam que mais ações precisam ser feitas para mitigar significativos riscos sociais, éticos e cibernéticos”, completa.
Questionados sobre a IA ser “uma força para o bem, que impulsiona eficiência dos negócios e, portanto, cria resultados positivos para todos, como inovações em tratamentos de saúde”, 38% dos brasileiros concordam plenamente e 46% concordam de certo modo. No recorte global, esses números são, respectivamente, 29% e 26%.
Quando o tema é “O impacto da IA substituindo os humanos na força de trabalho será contrabalançado pelas novas funções e oportunidades de carreira que a tecnologia cria”, no Brasil, 32% concordam plenamente e 52% concordam em partes, enquanto no global, 27% concordam plenamente e 39% concordam em partes.
“A comunidade empresarial precisa se concentrar muito mais nas implicações éticas da IA e na forma como a sua utilização pode impactar áreas-chave das nossas vidas, como a privacidade”. Localmente, 52% concordam plenamente e 36% em partes. No global, apenas 29% concordam plenamente e 38% concordam em partes.
Já quando citada a seguinte frase “Precisamos fazer mais para mitigar os ‘maus atores’ da IA que poderiam usar a tecnologia de maneiras prejudiciais – desde ataques cibernéticos até falsificações profundas e desinformação”, 40% dos brasileiros concordam plenamente e 36% em partes. Enquanto globalmente, 28% concordam plenamente e 37% em partes.
Por fim, quando analisado que “ainda não estamos fazendo o suficiente para gerir as consequências indesejadas da IA, que poderão ter implicações significativas para a comunidade empresarial e a sociedade”, as respostas no Brasil estão equilibradas: 40% concordam plenamente e 40% em partes. Já na média global, 29% concorda plenamente e 35% em partes.
Investimentos no próximo ano
Pensando nos próximos 12 meses, os quatro principais focos de alocação de capital para as empresas brasileiras são: fusões e aquisições/M&A (34%), reserva de caixa para oportunidades futuras ou desafios inesperados (30%), devolução de capital aos acionistas por meio de dividendos e recompra de ações (20%) e iniciativas de crescimento orgânico (16%).
Comparado com as respostas dos CEOs de outros países, a ordem fica diferente: reserva de caixa para oportunidades futuras ou desafios inesperados (29%), fusões e aquisições/M&A (26%), iniciativas de crescimento orgânico (25%) e devolução de capital aos acionistas por meio de dividendos e recompra de ações (20%).
Apenas 12% dos CEOs brasileiros não planejam nenhum investimento de capital significativo em inovação de produtos/serviços impulsionada por IA. Enquanto 36% não fizeram investimentos de capital significativos até o momento, mas planejam fazê-lo nos próximos 12 meses e 52% já estão totalmente integrados às mudanças de produtos/serviços impulsionadas pela IA no processo de alocação de capital e estão investindo ativamente na inovação impulsionada pela IA. Para Leandro, “cada vez mais, a IA reforça sua importância junto com as estratégias de negócios das companhias, independentemente do setor de atuação. Mesmo sem o completo conhecimento, ela é ferramenta importante para impulsionar, otimizar e desenvolver negócios”.
Sustentabilidade
Em muitos casos, a IA também é vista como uma possibilidade de acelerar o progresso da companhia em sustentabilidade, já que investidores, reguladores, consumidores e stakeholders exigem cada vez mais transparência ambiental, social e de governança, seguindo os parâmetros da agenda ESG.
Para 16% dos entrevistados brasileiros, as iniciativas de sustentabilidade estão na vanguarda da estratégia de alocação de capital e dedicam recursos substanciais para apoiá-las. Já 36% priorizam iniciativas de sustentabilidade e alocam parcela significativa do capital para isso, enquanto 34% alocam capital para ações de sustentabilidade no mesmo nível que outras prioridades de negócios e 14% consideram as iniciativas de sustentabilidade, mas o tema não tem peso significativo na alocação de capital.
O estudo traz um ponto positivo sobre a relevância do tema sustentabilidade no mundo corporativo brasileiro. Enquanto 10% dos CEOs – em âmbito global – não consideram o tema prioridade para alocação de capital da companhia, no Brasil todos os entrevistados consideram que iniciativas sustentáveis estão no radar prioritário quando se trata de alocação de recursos.
Ainda na média global, 16% também afirmam que as iniciativas de sustentabilidade estão na vanguarda da estratégia de alocação de capital e dedicam recursos substanciais para apoiá-las, 22% priorizam iniciativas de sustentabilidade e alocam parcela significativa do capital para isso, 28% alocam capital para iniciativas de sustentabilidade no mesmo nível que outras prioridades de negócios e 24% consideram as iniciativas de sustentabilidade, mas o tema não tem peso significativo na alocação de capital.