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Por Alan Dantas, estrategista criativo da SUBA (agência de influenciadores)

Daniel Scheinert e Alan Dantas

Pela 1ª vez em seus 37 anos de existência, o SXSW24 incluiu em sua pauta a Creator Economy, o que, inevitavelmente, gerou muitas discussões sobre o mercado de influência. Com o aumento do uso das redes sociais e da mídia digital, os influenciadores ganharam maior relevância e se tornaram parte importante das estratégias de marketing. Hoje, a influência está em todo o lugar, ao mesmo tempo. Essa pulverização faz com que, frequentemente, sejamos impactados por perfis e conteúdos selecionados pelos algoritmos, que operam sob uma lógica que busca maximizar o engajamento e a permanência do usuário nas plataformas. Assim são criadas bolhas de informação que reforçam nossas próprias crenças e limitam nossa exposição a diferentes perspectivas. É como se todo mundo estivesse falando sobre algo em todos os lugares, mas, provavelmente, esse algo só está sendo debatido na sua bolha. Consequentemente, torna-se mais desafiador para os influenciadores conquistar seguidores e construir uma base de fãs mais diversificada, para além de suas bolhas. Para atravessar essa arrebentação, muitos abandonam seu propósito e surfam trends efêmeras, que tendem a favorecer a entrega desse conteúdo pelo algoritmo, mas no caminho afogam sua autenticidade.

Como seguir produzindo conteúdo engajador e que reforce propósitos em todos os lugares? A verdade é que nem sempre conteúdo e propósito andarão de mãos dadas. Embora ter um propósito possa nos trazer significado e direção, não é obrigatório termos um propósito em tudo o que fazemos. 

Dentro e fora do mercado de influência, os discursos seguem reforçando de modo exacerbado essa necessidade de propósito. Assim como fala-se de positividade tóxica, sinto que estamos caminhando para a era do propósito tóxico. A culpa sistêmica passa a ser do indivíduo. 

Porém, enquanto tivermos pessoas inspiradoras, nem tudo está perdido. Entram nessa categoria do meu checklist os Daniels, Daniel Kwan e Daniel Scheinert, dupla de diretores à frente do longa “Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo”, grande vencedor do Oscar 2023. De maneira bem-humorada e caoticamente organizada, eles apresentaram grandes ensinamentos e reflexões que contagiaram o público, estimulando em todos uma grande vontade de criar. Entre as valiosas dicas, eles nos apresentaram o processo criativo Ikigai.

De origem japonesa, a palavra Ikigai significa “o motivo para viver” ou “o propósito da vida”. 

É o cruzamento entre o que você ama fazer, o que você pode ser pago para fazer, o que você faz bem e o que o mundo precisa. Considerando os inúmeros estudos que indicam a insatisfação e problemas de saúde mental que influenciadores e profissionais apontam em relação às suas profissões, fazer uma auto-análise segundo o Ikigai pode ajudá-los a redirecionar sua caminhada. E pode ajudar a todos nós que trabalhamos com influência a entender que, numa era em que essa forma de comunicação está em todos os lugares ao mesmo tempo, nem tudo o que fizermos terá um propósito, mas trabalhar com propósito fará parte do nosso Ikigai.

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