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Por Bruna Cortello, CEO da PR.ONE* 

Para quem vive o mercado de influência, uma visão de bastidores que revela o que realmente importa: em meio ao excesso de conteúdos e fórmulas repetitivas, autenticidade e criatividade são os novos protagonistas.

O marketing de influência se tornou uma das estratégias mais desejadas da comunicação moderna. Mas, ao mesmo tempo em que o segmento se aqueceu, também se tornou visível uma realidade incômoda: a de que muitos influenciadores ainda focam em números e viralizações, esquecendo que uma carreira — no digital ou fora dele — exige estratégia, adaptação e visão de longo prazo.

Como relações-públicas, acompanhei de perto a transformação desse mercado. Vi talentos brilharem em trends passageiras, mas também vi perfis desaparecerem tão rápido quanto surgiram. Não por falta de potencial, mas por ausência de planejamento.

A comparação é simples: ninguém entra em uma empresa sem, em algum momento, visualizar onde quer chegar. No digital, não pode ser diferente. O problema de se apegar exclusivamente às métricas de alcance é que elas não garantem a construção de uma comunidade sólida. A visibilidade gerada por um conteúdo viral pode ser intensa, mas é passageira. E quando as marcas buscam influenciadores para projetos de longo prazo — que exigem storytelling, inserção de produto e narrativa contextualizada — poucos nomes conseguem se sustentar.

O boom das dancinhas no TikTok exemplifica bem esse movimento: muitos perfis explodiram com números impressionantes, mas, com o passar do tempo, precisaram adaptar seus conteúdos para serem relevantes em outras frentes. No digital, mais do que números, o que realmente gera valor é a capacidade de adaptação.

E é aqui que apresento um conceito que aplico na PR.ONE, agência de marketing de influência e conteúdo que fundei em 2020: o “efeito camaleão digital”. Inspirado no fenômeno psicológico em que as pessoas, inconscientemente, imitam comportamentos para gerar conexão social, o efeito camaleão no digital representa a habilidade de observar o mercado, estudar tendências e se adaptar de maneira inteligente — sem perder a própria essência.

Um exemplo recente e certeiro desse fenômeno é o movimento da criadora Malu Borges, que criou uma segunda conta no TikTok apenas para compartilhar seus conteúdos em formato daily. Embora esse tipo de registro seja dos primórdios da internet, Malu resgatou o formato com uma estética atualizada, leve e cotidiana, gerando uma nova onda de creators que passaram a adotar o estilo. O que parecia simples se transformou em uma estratégia de aproximação com a audiência: mais vulnerabilidade, mais rotina, mais identificação. Isso não só fortaleceu o vínculo com a comunidade, mas também reposicionou a autoridade de quem soube aproveitar o movimento. É nesse ponto que o efeito camaleão se mostra valioso: adaptar tendências com autenticidade, entendendo o momento, mas sem perder sua estética.

O mercado de influência pede isso: a capacidade de entender o que está em alta, o que atrai as audiências, quais segmentos crescem e como reposicionar sua comunicação diante dessas mudanças. Mas adaptação não significa perder a identidade. Pelo contrário: é entendendo seu próprio estilo que um influenciador consegue atravessar diferentes fases do mercado sem se descaracterizar.

Outro ponto que precisa ser discutido com seriedade é o respeito à autenticidade do criador de conteúdo. Apesar do amadurecimento do mercado, ainda é comum vermos marcas que insistem em briefings engessados, que desconsideram o tom de voz, a linguagem e a identidade de quem foi contratado. Criadores não são apenas canais de distribuição de mensagem; são narradores que, quando respeitados em sua genuinidade, conseguem construir laços reais com seu público. E é justamente essa conexão que torna uma campanha de influência eficaz.

O futuro da influência ainda será pautado pela necessidade de adaptação rápida — o efeito camaleão continuará sendo um diferencial. Mas, cada vez mais, veremos a ascensão de influenciadores que entregam narrativas bem construídas, produções de qualidade e conexão genuína com sua audiência. Para quem enxerga a influência como profissão, e não apenas como oportunidade de momento, existe um caminho de crescimento sustentável, sólido e estratégico.

 Porque, no fim, números impressionam — mas conexões transformam.

Sobre Bruna Cortello

Bruna, é relações-públicas especialista em marketing digital e IA, empresária e fundadora da PR.ONE, agência de 4 anos focada em marketing de influência e redes sociais. Com 10 anos de trajetória profissional, já agenciou nomes como Jade Picon, Gabi Brandt  e Carla Ramalho e trabalhou com marcas como YSL, Marc Jacobs e L’Occitane. Hoje é membro da ForbesBLK, comunidade global de lideranças negras da revista Forbes, e palestrante em instituições como Belas Artes e Cásper Líbero.

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