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Especialista do IBEVAR comenta sobre novo perfil de consumidor que surge em decorrência das necessidades impostas pela crise

Quais são os hábitos e valores que guiam os consumidores no “novo normal”? Como estão as relações de consumo pós-pandemia? Em meio à COVID-19 e ao distanciamento social, os brasileiros estão reavaliando suas prioridades, estilos de vida e valores para se adaptarem à uma nova realidade. O economista e presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (IBEVAR), Claudio Felisoni de Angelo, destaca hábitos ligados ao movimento Do It Yourself, aceleração digital, sensibilidade ao preço de produtos e solução às necessidades dos consumidores.

“A pandemia mudou drasticamente todas as relações de consumo. Não só pela necessidade de reclusão das pessoas, como também pelo tempo que isso tem levado e, provavelmente, deverá se estender. Então, segmentos que remetem a atividades indoor ganham mais espaço, além de percebermos comportamentos que se intensificam para que os brasileiros se adaptem a esta situação”, avalia o especialista.

O IBEVAR analisou as principais mudanças do consumidor aceleras pela pandemia. Confira abaixo:

Aceleração digital

Um termo muito conhecido, o “consumidor digital”, reflete a mudança no comportamento de consumo, que busca conveniência baseada em entrega, tempo ou preço. Para Felisoni, comprar pela internet deixou de ser apenas uma característica comportamental e se tornou uma urgência. “Este movimento já era significativamente forte nos últimos anos, mas a pandemia acelerou a migração de grupos que antes não adquiriam produtos on-line e agora sentem essa necessidade e precisam se adaptar”, observa o especialista.

DIY (do it yourself)

Algumas pessoas perceberam que ficar em casa se tornou a decisão mais segura durante o isolamento social. Nesse cenário, o conceito Do it yourself (faça você mesmo, em tradução do inglês) sofre influência direta da pandemia, à medida que os processos produtivos ganham mais espaço devido ao confinamento e às restrições de compra. Além disso, o prazer de produzir ou customizar os próprios produtos começa a ser, de novo, inserido na rotina do consumidor, bem como os benefícios trazidos pela atividade, sejam financeiros ou emocionais.

Sensibilidade aos preços

Um novo olhar sobre a economia tem impactado a percepção de compras dos brasileiros, pois há uma grande incerteza sobre os efeitos a logo prazo da pandemia. “A crise sanitária e econômica desestabilizou o país e a confiança do consumidor, que, justamente por esta incerteza, prefere restringir o orçamento mensal apenas a itens essenciais, como alimentos e medicamentos, comenta o economista do IBEVAR.

“Essa cautela nos gastos deve permanecer como um comportamento pós-pandemia, pois o brasileiro percebeu que pode adiar gastos, optar por marcas mais baratas ou avaliar o que pode cortar do orçamento de forma permanente, por exemplo”, completa.

Consumo local e seguro

Em um momento no qual as pessoas tentam evitar aglomerações e grandes centros, a prioridade passa a ser o consumo por produtos cultivados e fabricados localmente. Questões como proximidade, saber a origem da mercadoria, ter acesso a uma jornada mais segura e itens mais saudáveis são decisivas para o consumidor, que prefere permanecer na região onde mora e, ainda assim, comprar o que gosta. Além disso, o senso de comunidade passa a ser um fator importante nesta decisão e aflora a vontade de ajudar produtores e comércios locais, ou, até mesmo, apoiar marcas que defendam uma causa com a qual exista identificação.

Marcas que atendam às necessidades do consumidor

Mais do que nunca, as pessoas buscam por marcas que atendam suas necessidades e garantam uma boa experiência de compra. Um estudo realizado em abril pela Intelligence Central revelou que 55% dos consumidores valorizam marcas que se adaptaram para ajuda-los e 58% admiram empresas que fornecem um serviço necessário. “A experiência e a solução que será entregue passam a ser os pontos principais nessa jornada do consumidor e as empresas precisam se desenvolver nessa questão, caso contrário, podem perder espaço no mercado”, explica Felisoni.

Compras sem contato

Transações com zero contato, como links de pagamento, carteiras digitais e contactless (sem contato) ou NFC (near field communication), via smartphone ou outros dispositivos mobile, se tornam alternativas interessantes para compras na internet ou em lojas físicas. Um levantamento realizado pela consultoria Bain mostrou que 48% dos brasileiros estão dispostos a manter a utilização de tais meios mesmo após o retorno do distanciamento social.

Na opinião do presidente do IBEVAR a quarentena desperta um potencial de compra que antes caminhava a passos lentos. “A tendência é que as pessoas busquem opções mais seguras e práticas para pagarem pelo que consomem, e diversas empresas já disponibilizam soluções sem contato. Seria inevitável não ver uma aceleração neste processo como reflexo da pandemia”, finaliza Felisoni.

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