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Pesquisa do Itaú Empresas e do Instituto Locomotiva, dá luz aos desafios dos empreendedores brasileiros e mostra como o foco em resolver o dia a dia em diversas áreas pode restringir o potencial de crescimento das empresas

A maioria dos líderes das pequenas e médias empresas brasileiras têm a intenção de expandir seu negócio no próximo ano. É o que apontam 60% dos entrevistados da pesquisa “Cabeça de Dono”, realizada pelo Instituto Locomotiva para o Itaú Empresas. Apesar da intenção e de 79% estarem esperançosos ou empolgados em relação à situação atual de sua empresa, desafios internos e de gestão podem restringir seu crescimento: 98% dos empreendedores são responsáveis pelas decisões estratégicas em ao menos uma área de sua empresa, enquanto 96% chegam a realizar as tarefas operacionais em ao menos uma área – e a média de áreas em que estão envolvidos são quatro. A sobrecarga e a solidão no dia a dia fazem com que relatem cansaço e estresse, e 62% almejam ter mais tempo com a família.

Entre os desafios que mais tiram o sono desses empresários estão o cenário macro e competitivo. Para 41% deles, crises econômicas, flutuações de mercado e a concorrência representam o principal desafio que enfrentam para o negócio; para 20% são os fatores relacionados a crescimento e inovação, enquanto para 18% gestão financeira é o tema mais preocupante.

A pesquisa inédita, realizada entre julho e agosto, ouviu 1001 homens e mulheres líderes de pequenas e médias empresas com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 50 milhões, nas cinco regiões do Brasil*. Ela traz um panorama sobre as necessidades e desafios enfrentados pelas PMEs, com o objetivo de jogar luz a um segmento tão importante para a economia. Isso porque as PMEs são responsáveis por 30% do PIB e geram 50% dos empregos ativos**, impactando potencialmente mais de 80 milhões de brasileiros.

“A percepção de solidão, falta de apoio ou de reconhecimento, sobrecarga e implicações na vida pessoal dos pequenos e médios empresários brasileiros é comprovada em todo o estudo ‘Cabeça de Dono’. E a palavra-chave que permeia cada desafio é ‘tempo’. O gestor que volta sua energia para dentro da empresa, focando no operacional, acaba não conseguindo se dedicar ao crescimento e evolução da sua empresa. A falta de conhecimento em determinadas áreas o faz perder esse tempo precioso que, se fosse dedicado de maneira eficiente, poderia alavancar oportunidades no negócio e na vida pessoal – gerando mais tempo para a família ou para cuidar da saúde. Se o tempo é um ativo finito, por que não usar para o que realmente importa?”, questiona Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.

Gestão multitarefa e os desafios para o negócio 

Os desafios são intensos e falta tempo para o líder da PME se especializar ou buscar ajuda, já que precisa constantemente ‘equilibrar os pratos e deixar nada cair’: dos 98% dos entrevistados que participam diretamente de decisões estratégicas da empresa, 37% deles assumem sozinhos todas as decisões e direcionamentos estratégicos de ao menos uma área. Já entre os 96% que também executam tarefas operacionais, em 33% dos casos eles são os únicos responsáveis pela execução de atividades cotidianas em um ou mais setores. Geralmente, estão mais envolvidos com os temas ligados ao comercial, entrando um pouco menos nos assuntos especializados, como jurídico e tecnologia da informação.

Entre os desafios pesquisados, 90% dos entrevistados relatam alguma ou muita dificuldade em cenário macro e competitivo, crescimento e inovação e gestão financeira (sem priorização). Nesse indicador, o Nordeste relata esses desafios de forma mais intensa: 94% sentem dificuldade com o cenário macro e competitivo, 95% em gestão financeira e, mais intensamente, com crescimento e inovação (97%).

A pesquisa revela ainda outras demandas que, caso fossem endereçadas de forma estratégica – com um apoio externo ou de especialistas, por exemplo – poderiam fortalecer os negócios e seus líderes para enfrentarem suas rotinas. Um exemplo é a necessidade por troca de informação: 57% dos empreendedores apontam que gostariam de poder dialogar mais com outros empresários e gestores para compartilhar experiências, dificuldades e soluções. Nesse contexto, muitos empresários têm pouco conhecimento sobre qual o apoio externo que eles poderiam buscar – e quando procuram algum profissional, este muitas vezes não tem as ferramentas e conhecimentos necessários para desenhar um planejamento holístico adequado às reais necessidades de cada empresa.

“Os dados mostram que, além de decisões mais relacionadas ao seu negócio, os empreendedores também precisam tomar decisões e executar outras funções – incluindo financeiras, operacionais e inclusive em áreas técnicas, como jurídico e tecnologia da informação, que demandam conhecimento específico. Isso reforça como eles estão sobrecarregados e o tamanho do desafio que é manter suas empresas progredindo, ao se verem com a responsabilidade por tantos setores que demandam habilidades diversas – e que se acumulam e evoluem conforme as empresas crescem”, contextualiza Cadu Peyser, diretor de estratégias e produtos para PMEs do Itaú Unibanco.

Rotina de trabalho e vida pessoal 

O estudo “Cabeça de Dono” avaliou também como os pequenos e médios empresários se sentem em relação à rotina de trabalho e como isso afeta suas vidas: 6 em cada 10 entrevistados convivem com pelo menos um tipo de desconforto nesse sentido.

O cansaço predomina, sendo citado por 50% deles. Ele é seguido pela sensação de sobrecarga presente em 46% dos entrevistados – entre o público com 45 anos ou mais, a porcentagem sobe para 49%. Já o estresse alcança 44%; nesse ponto, os líderes do Nordeste são os que relatam ser mais afetados (58%).

Além disso, 62% dos entrevistados gostariam de ter mais tempo com a família, enquanto 60% já enfrentaram alguma situação financeira adversa na vida pessoal por causa da empresa, e 52% já tiveram problemas de saúde relacionados à rotina de trabalho.

“Tivemos um caso de gestor que nos procurou com dificuldades na empresa, que passaram a afetar diretamente a qualidade de vida da sua família, provocando uma sensação de angústia. Conseguimos desenhar um plano de reestruturação para ajudá-lo a se reerguer e a reduzir esse peso, gerando inclusive mais tempo – para focar no que realmente era importante”, conta Peyser. “Os desafios são muitos, mas o tempo permeia todos eles – seja para gerir, pensar no futuro, cuidar da saúde, para a família. O tempo é finito, e ter um apoio que otimize a gestão muda o panorama da vida profissional e pessoal dos empreendedores.”

Estes desafios são percebidos de forma mais intensa para as pequenas empresas (aquelas com faturamento entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões anuais): 53% destes líderes relatam problemas de saúde decorrentes da rotina do negócio, contra 47% nas médias empresas (com faturamento entre R$ 4,8 milhões e R$ 50 milhões anuais). Desafios financeiros também já foram enfrentados por 63% dos pequenos empresários, contra 50% dos médios.

Protagonismo Econômico 

Além da sobrecarga interna, 74% dos líderes das PMEs acreditam que a região onde suas empresas estão localizadas recebe menos incentivos e apoio para se desenvolver em comparação a outras no país; os empreendedores do Nordeste têm esse sentimento mais presente, relatado por 87% dos entrevistados.

Ainda assim, isso não os impede de manterem sua disposição em investir, crescer e continuar sua jornada empreendedora, pois sabem do seu valor para a sociedade: 84% concordam que as PMEs são muito importantes para a economia brasileira, enquanto 87% concordam que são fundamentais para a geração de empregos e renda.

No entanto, 82% deles acreditam que deveriam ser mais reconhecidos pela sociedade. “Temos nesta pesquisa a visão de uma camada de empresários que se sentem solitários e esquecidos. Eles têm um senso de responsabilidade, persistência e reinvenção constante, e sabem que seus resultados impactam não só a sua vida, mas a de seus funcionários, famílias, cadeia de fornecedores e todo o seu entorno. O potencial desse segmento pode gerar um impacto muito grande no Brasil, e deveria ser olhado com mais intencionalidade”, reforça Renato Meirelles.

Olhando adiante, com intenções de crescer 

A visão de futuro divide os empreendedores e é um indicativo de como os seus diversos desafios impactam o desenvolvimento de suas empresas – e consequentemente, sua prosperidade e a do país: 60% dos entrevistados têm a expectativa de crescer nos próximos 12 meses, enquanto 38% pretendem permanecer do mesmo tamanho e 2% acreditam que sua empresa será reduzida.

“Muitos empreendedores ainda não se sentem prontos para crescer, não têm os ferramentais necessários ou não querem renunciar às suas funções operacionais por falta de confiança em outros profissionais. E mesmo entre os 60% que acreditam no crescimento, isso pode ser um grande desafio.  Temos um grande potencial para o país ainda não aproveitado”, afirma Peyser. “Essa perspectiva de crescimento poderia ser maior se eles tivessem apoio especializado para fazer isso de forma assertiva e sustentável. Foi com isso em mente que estruturamos o Itaú Empresas nos últimos anos. Acreditamos neste diferencial: oferecer um olhar de planejamento estratégico e assessoria nos temas mais importantes – atuando como um time estendido de cada empresa – pode atenuar o peso da tomada de decisão e liberar o tempo dos empreendedores para que eles foquem no que é mais importante, criando um círculo virtuoso de prosperidade para o segmento e o país”, conclui o diretor do Itaú Unibanco.

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