Estudo identifica cinco categorias de viajantes de ônibus no país e revela impacto da pandemia nos passageiros
No interior ou nas capitais, o ônibus é o meio de transporte mais difundido. É possível chegar de ônibus à maioria dos 5.570 municípios do país. Portanto, um estudo da Marcopolo, realizado pela Orbit DataScience, acaba de identificar cinco categorias de viajantes de ônibus brasileiros, bem como o impacto da pandemia de Covid-19 na vida destes passageiros.
O projeto Marcopolo – Estudo de Hábitos de Consumo revela que, mesmo com as preocupações sanitárias, as viagens de ônibus são as preferidas: 64% dos comentários que comparam ônibus e avião, dizem preferir viajar via terrestre. E são recorrentes as manifestações de saudades de pegar a estrada por este meio de transporte, segundo o levantamento.
Com uma base inicial de quase 9 mil comentários, a análise levou em conta uma amostra de 1.810 comentários realizados nas principais redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter) a respeito de viagens intermunicipais de ônibus, de janeiro e setembro de 2020. Esses comentários foram classificados em 2.395 opiniões, sendo 1006 positivas, 784 negativas e 605 referentes às questões sanitárias.
A partir destas informações, o levantamento identificou os seguintes clusters (grupos) de opiniões dos passageiros:
Reflexivos – Compõem o principal cluster de opiniões positivas sobre viajar de ônibus. Estas opiniões mencionam, sobretudo, o gosto por olhar pela janela e refletir durante a viagem, muitas vezes associando o hábito ao consumo de músicas ou vídeos no percurso. Nas categorias também criadas pelo estudo como “Quero viajar de ônibus” e “Tenho saudades de viajar de ônibus”, os passageiros reflexivos são os mais saudosistas. Correspondem ao principal cluster positivo do estudo.
Executivos – São passageiros que gostam de viajar de ônibus, mas apreciam muito mais a produtividade do que a introspecção. Este cluster é expressivamente menor que o dos “Reflexivos”, mas se une em torno do gosto de viajar de ônibus por características como as tomadas nos assentos, o WIFI e as cabines executivas e leitos.
Inseguros – Trata-se do principal cluster de comentários negativos sobre viajar de ônibus. As opiniões abordam o medo da viagem relatado pelos passageiros, muitas vezes relacionado ao incômodo gerado por outros passageiros. A análise identificou ainda que o medo de viajar “sozinha” foi mencionado 10 vezes mais do que o medo de viajar “sozinho”, indicando, a partir do gênero do adjetivo, a predominância de mulheres neste cluster. Os comentários “tenho medo de assédio em ônibus” foram mencionados quatro vezes mais do que “tenho medo de assalto em ônibus”.
Desconfortáveis – É formado por comentários de passageiros que relatam cansaço, desconforto e enjôo durante suas viagens. Este cluster tem como principal órbita a opinião “É ruim viajar muitas horas de ônibus”, demonstrando que o tempo das viagens é o principal motivo das reclamações, seguida mais distantemente pelos comentários de que os assentos são desconfortáveis.
Exigentes (Covid) – Este grupo é formado por comentários emitidos por pessoas que participaram pontualmente da discussão sanitária envolvendo as empresas de ônibus durante a pandemia, ainda que estas pessoas não cultivem o hábito de falar sobre viagens rodoviárias em outros momentos em suas redes sociais. Envolvem opiniões sobre a necessidade do uso da máscara ou sobre protocolos de biossegurança para evitar a contaminação pelo novo coronavírus.
“O estudo revela que as viagens rodoviárias seguem prioritárias na vida dos brasileiros, pela conveniência, custo e facilidade de acesso às cidades de todo o país, em comparação com os demais meios de transporte. Este é o jeito brasileiro de viajar. Essa análise nos mostra também que temos desafios a vencer, como a questão da insegurança, por exemplo, que requer iniciativas de diversas frentes. O objetivo do estudo é justamente termos insights que nos levem a aprimorar cada vez mais a mobilidade no Brasil”, afirma Ricardo Portolan, diretor de Operações Comerciais MI e Marketing da Marcopolo.
O impacto da pandemia
Em março do ano passado, com a declaração da pandemia pela Organização Mundial da Saúde, 36% dos comentários nas redes sociais sobre viagens de ônibus já faziam menção ao tema e ao contexto sanitário, considerando-se a amostra do estudo. O impacto foi duradouro: em todos os meses analisados, a preocupação em relação ao contágio provocou, em média, 30% das postagens.
As manifestações quanto ao uso de álcool em gel e a higienização dos ônibus como medidas para evitar a contaminação, predominantes entre março e abril, deram lugar à exigência do uso de máscara, do distanciamento social e da diminuição da lotação nos meses seguintes.
Durante todo o período analisado, dos 605 comentários manifestando preocupações sanitárias, 61% se referiram a medidas de segurança por parte das empresas de ônibus. As reclamações quanto à aplicação dos protocolos tiveram pico no mês de setembro, com o fortalecimento da retomada das atividades comerciais.
Ao mesmo tempo, a preocupação com as medidas individuais também foi grande: 25% das opiniões manifestadas exigiam o uso de máscara e o cumprimento das medidas de proteção pessoais para evitar a propagação do vírus.
Principais resultados
As opiniões mais comuns sobre o transporte rodoviário fazem menção a viagens de longa distância e modos de aproveitar o tempo gasto na viagem para trabalhar, ler, ouvir música ou, simplesmente, descansar.
Conheça os principais resultados do estudo Marcopolo – Estudo de Hábitos de Consumo, relacionado às opiniões dos brasileiros sobre viajar de ônibus: