Análise aponta seis comportamentos e estados de espírito que, ou emergiram, ou foram acelerados por conta do isolamento social imposto pelo surto global da Covid-19
Os últimos seis meses foram de mudanças drásticas em todo o mundo. A pandemia sem precedentes da Covid-19 fez com que as pessoas alterassem – e muito – as suas próprias rotinas, com percepções diferentes e novas formas de pensamento. É o que mostra levantamento realizado com dados colhidos no Twitter durante o primeiro semestre de 2020, que evidencia os diferentes comportamentos dos consumidores na pandemia dentro e fora do mundo virtual, e traz insights para que marcas se conectem de forma assertiva com o seu público alvo.
As principais descobertas da pesquisa realizada com dados do Twitter trazem seis comportamentos e estados de espírito que, ou emergiram, ou foram acelerados por conta do isolamento. Eles apresentam um panorama sobre como as pessoas estão vivendo e como estão lidando com as dificuldades originadas desse período. As descobertas mostram, ainda, quais destes comportamentos têm a maior chance de se tornarem permanentes mesmo depois da crise. A análise engloba desde a maneira como as pessoas têm lidado diretamente com o distanciamento social até como as compras tem sido realizada nos últimos meses. Os comportamentos são: Fisicamente distantes, socialmente conectados; Explorando a criatividade; #AsOutrasEpidemias; Em busca de um novo ritmo; Carrossel de Emoções; Consumo contraditório.
“O Twitter é onde a conversa pública acontece. As pessoas usam a plataforma para falar como estão se sentindo e trazem seus pontos de vista sobre os assuntos que estão sendo debatidos na sociedade. As marcas que souberem adaptar o tom neste momento conseguem criar conexões mais autênticas com os consumidores”, explicou Vinícius Magalhães, estrategista de marcas do Twitter Next. “Esse é um momento raro em que marcas podem se reinventam e ter maior clareza do que elas significam na vida das pessoas. Isso vai além de uma relação comercial baseada em produtos e serviços, mas também é um momento para exercer um papel social e causar impactos positivos”, completou.
Confira abaixo os resultados da pesquisa e alguns exemplos de marcas que se destacaram nas conversas com seus consumidores.
- Fisicamente distantes, socialmente conectados
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— Mastercard Brasil (@MastercardBR) June 17, 2020
As pessoas tiveram que se manter fisicamente distante umas das outras, porém, na realidade, o distanciamento social não existiu de fato. Graças à tecnologia, muitos se mantiveram mais conectados do que nunca. As vídeo-conferências, antes usadas apenas no ambiente do trabalho, tomaram conta da rotina de todos. A socialização passou a ser feita, ainda mais, de maneira virtual. Foram realizadas inúmeras festas remotas ou watch parties para assistir lives de shows, por exemplo. O modo de socializar se tornou fundamentalmente digital e alguns desses novos hábitos muito provavelmente irão permanecer além da pandemia. Para se ter uma ideia deste crescimento, os termos “Lives” e “watch parties” foram mencionados 10x mais do que eram anteriormente.
Os aplicativos de mensagem também ganharam ainda mais importância na vida das pessoas; 30% afirmam que continuarão a usar mais aplicativos de mensagens depois da quarentena e isolamento e 35% das pessoas no Twitter pretendem fazer mais ligações por vídeo mesmo após o fim do isolamento.
“Contar com a presença física pode ser arriscado. Mesmo depois que as restrições de isolamento forem suspensas, é esperado que as pessoas permaneçam bastante ansiosas. Considere que todos os eventos físicos precisarão ter um componente digital forte”, ressaltou Vinícius.
- Explorando a criatividade
O brasileiro é conhecido por ser um povo que consegue se adaptar às mais adversas situações com criatividade, e a pesquisa realizada pelo Twitter revelou que as pessoas estão utilizando seu tempo livre para aprender novas coisas e explorar habilidades diferentes. Houve um aumento de 37% em menções diárias sobre a palavra pão, já que muitos estão utilizando o tempo livre para aprender novas formas de cozinhar. Termos como desenho, arte e ilustração tiveram um crescimento de 35%. Houve, também, um crescimento de 30% das pessoas que afirmam estar criando mais conteúdo de vídeo para internet durante o isolamento.
Com o isolamento, também veio o desafio de pequenos empreendedores e trabalhadores informais manterem sua renda básica. Conversas relacionadas a ajuda e divulgação de trabalho e perfis de pessoas buscando emprego ou complemento de renda através de alguma atividade extra cresceram 36% na plataforma. Essa necessidade se acentuou por conta do impacto na renda de muitas pessoas. 52% dizem sentir um grande este impacto na renda com a chegada da pandemia.
- #AsOutrasEpidemias
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— Nubank (@nubank) April 9, 2020
A saúde mental, as crises econômica e política e a preocupação com a recuperação do país têm sido classificadas como #AsOutrasEpidemias. Esses sentimentos possuem efeitos que irão ultrapassar a crise gerada pela Covid-19. Por isso, ficou claro, com o levantamento, o crescimento na incidência e no número de conversas sobre saúde mental que aconteceram no Twitter durante os seis primeiros meses de isolamento social. As pessoas passaram a falar mais sobre autocuidado, que se tornou uma das prioridades básicas, e também sobre os próprios sentimentos. Houve um aumento de 41% no número de conversas diárias sobre saúde mental, estresse e autocuidado na plataforma, desde o início do isolamento.
Além disso, como impacto financeiro consequente à crise, o levantamento apontou que boa parte das pessoas tiveram suas fontes de renda bastante impactadas; 40% com horas de trabalho reduzidas, e 59% se sentido inseguras ou muito inseguras em relação a suas finanças pessoais nos próximos 6 meses.
- Em busca de um novo ritmo
Algumas pessoas mudaram – e muito – o ritmo das próprias vidas. Para algumas pessoas, as vidas, antes muito agitadas, sofreram uma parada brusca e se tornaram bem mais lentas. Mesmo com o isolamento tendo chegado sem aviso, e promovendo uma série de mudanças não programadas, as pessoas passaram a apreciar esse ritmo mais lento e demonstraram a intenção de permanecer em rotinas menos frenéticas no futuro.
O levantamento mostra um aumento dos Tweets declarando a apreciação das coisas simples da vida, como o nascer do sol e a natureza – a plataforma registrou um aumento de 46% de menções relacionadas a estes temas. Além disso, mesmo com as telas ainda ditando o modo como vivemos e trabalhamos, o número de pessoas praticando atividades analógicas como jardinagem, culinária e leitura, entre outros, aumentou. Houve um crescimento de 41% nas pessoas que afirmam estar lendo mais neste período, e conversas diárias sobre jardinagem e casa aumentaram sete vezes.
- Carrossel de Emoções
Acordar sorrindo, dormir chorando e ainda passar pelas mais diversas emoções durante o mesmo dia – ou até hora – tem sido uma coisa comum para muitas pessoas. O isolamento pesou para a maioria, impactando fisicamente e emocionalmente. Muitos estão experimentando emoções intensas e oscilantes no dia a dia. A expectativa, pelo que mostra o levantamento realizado no Twitter, é que essa oscilação se mantenha alta até que a situação esteja completamente sob controle. Um termômetro disso é o uso dos emojis na plataforma, já que as “figurinhas” têm como objetivo sintetizar o que cada um está sentindo. Ao observar os mais usados durante o isolamento, fica claro como as coisas têm sido inconstantes.
Apenas 7% das pessoas do Twitter acham que as marcas devem manter o tom de comunicação habitual em meio à crise. De acordo com o levantamento, as marcas precisam ser mais humana e manter o tom em constante evolução. As pessoas esperam que as marcas sejam informativas, aderir um tom empático e se manter positivas nesse momento.
- Consumo contraditório
A plataforma sempre foi palco de discussão entre pessoas com pontos de vista diferentes, o que enriquece qualquer conversa. Mas, na pandemia, as opiniões que circularam no Twitter se mostraram mais extremadas e contraditórias, revelando que as pessoas estão mais pragmáticas. Ao mesmo tempo que as prioridades mudaram, as expectativas ainda são bem altas em relação a nós mesmos, figuras públicas e marcas.
Mesmo apoiando os negócios locais, as compras em sites como Amazon e outros mega varejistas aumentaram como nunca. As conversas sobre mudança climática caíram e a ameaça do vírus fez com que muitos, que antes eram contra, passassem a aceitar o uso de plástico descartável em luvas ou copos, por exemplo.
Enquanto foram registrados mais de 300 mil Tweets apoiando o Breque dos Apps – movimento criado pelos entregadores em busca de melhores condições de trabalho -, 42% das pessoas dizem ter aumentado o uso de aplicativos de delivery de comida durante a pandemia e que pretendem manter o hábito depois do isolamento.